4 de maio de 2011

A Indisciplina na sala de aula.....Desabafo....

Alunos Indiciplinados pais que nao quer ver...
Todo pai ou mãe quer o melhor para seu filho, todo professor gostaria de ter uma classe onde todos os alunos aprendessem sem grandes dificuldades. Mas a realidade não é assim, existem pessoas que tem facilidades para algumas coisas e dificuldades em outras. Nem sempre é fácil para o aluno prestar atenção ao que o professor explica em sala de aula, pois muitas vezes o que o professor ensina não interessa, ou pouco interessa ao aluno. Por isso cabe ao professor, buscar uma metodologia de ensino que chame melhor a atenção dos alunos.
Se conseguir a atenção dos alunos que não tem distúrbios já é uma tarefa árdua, agora imagine conseguir a atenção de alunos que tem algum distúrbio no processo de atenção.

Desde muito pequeno, lembro dos meus professores dizerem frases para mim do tipo: “Presta mais atenção menino”, “Vi que você não estava prestando atenção”, “...em que ano mesmo foi que a China deixou de ser comunista? Não sabe? Acabei de falar, você não estava prestando atenção?”. Esta é uma grande preocupação dos professores, manter a atenção dos seus alunos. Muitos professores acreditavam que se o aluno não prestasse atenção era porque ele era indisciplinado. Muitas vezes os professores tinham razão, mas em alguns casos os alunos realmente tinham dificuldade em prestar atenção. 

Segundo Ballone, para que a atenção atue são necessários três fatores básicos:
  • Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também da situação material em que o indivíduo se encontra;
  • Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e provoca interesse;
  • Concentração: depende do grau de solicitação e atuação do estímulo, levando a uma melhor focalização da fonte de estímulo.
Atenção é um processo pelo qual o intelecto seleciona estímulos, estabelecendo relação entre eles. A todo instante recebemos estímulos, provenientes das mais diversas fontes, porém só atendemos a alguns deles, pois não seria possível e necessário responder a todos.
A concentração da mente sobre partes selecionadas do campo da consciência, dando assim aos elementos escolhidos uma peculiar nitidez e clareza. O campo da atenção pode ser dividido em duas partes: o foco da atenção (onde o grau de concentração da atenção é máximo) e a margem da atenção (esta vai diminuindo gradualmente até desaparecer). Relativamente à sua génese, a atenção pode ser involuntária, passiva e espontânea (determinada por estímulos externos) ou voluntária, controlada e dirigida (conduzida pela intenção do sujeito).[1]
Um dos fatores de maior influência no processo da atenção são as condições do estado de ânimo ou de interesse, os quais podem facilitar ou dificultar a Atenção. Portanto, o lado afetivo é de grande importância no processo da atenção, admitindo-se que a pessoa só dirige a atenção aos estímulos que lhe despertam interesse. Nossa Atenção sobre algo é tanto mais intensa quanto mais nos interessa esse algo, quanto mais desejamos conhecê-lo e compreendê-lo, quanto mais isto nos proporcione prazer ou satisfação.
Falamos da atenção como voluntária ou involuntária. A voluntária refere-se a casos onde a pessoa parece ter liberdade na determinação do foco de sua atenção, liberdade em escolher intencionalmente aquilo em que prestar atenção. A Atenção involuntária ou espontânea refere-se a casos em que a pessoa parece menos o agente de escolha da direção de sua atenção. Como por exemplo, quando estou passeando com minha namorada e ao meu lado passa uma linda mulher, eu não quero magoar minha namorada e nem deixá-la furiosa, mas meus olhos com certeza irão olhar esta mulher bonita. Eis um belo exemplo de atenção involuntária, pois eu não queria olhar para a moça bonita, para não deixar minha namorada zangada, mas sem querer sou obrigado a olhar. Alguns determinantes da atenção involuntária estão relacionados ao afeto e sentimento dirigidos para o objeto, como é o caso da pessoa com fome dirigir sua atenção, para a estante de chocolates no supermercado.
O contrário de atenção é distração, que é quando a pessoa não consegue prestar atenção em nada. Pessoas com hiperatividade têm grande dificuldade em conseguir manter a atenção.
CONCLUSÃO
O processo de atenção é mais complexo do que imaginavam os pais e professores de alguns anos atrás. Hoje se conhece várias patologias que dificultam o desenvolvimento do processo de atenção, como a hiperatividade, a deficiência mental, etc.
O grande desafio dos professores é buscar conhecer o que chama a atenção dos alunos e buscar uma metodologia diferenciada. E também buscar conhecer os distúrbios de atenção e lecionar de uma forma que todo aluno tenha vontade de aprender, tenha vontade de prestar atenção.
Fonte: cesmarjaragua.blogspot.com


Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando.
Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe.
É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula.
Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor.
Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar.
Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro...
A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho.
Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática.
Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina.
- O que é uma classe indisciplinada?
- O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de acordo com as contingências sócio-culturais.

Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes.
- Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
O que é uma Classe Indisciplinada?
Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio).
De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.
Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”
Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber.
“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”.
Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas.
Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares.
François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”.
Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o exercício do magistério.
No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva.
Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio.
O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito.
Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem.
É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça.
O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar.
Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”.
Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum.
Fonte:  Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado / A Voz do Professor

O processo de ensino-aprendizagem enfocado sob a ótica da teoria sóciointeracionista de Vigotski, foi o aporte teórico utilizado nesse Estudo de Caso.
Vigotski (1998) postulava que os processos psicológicos superiores aparecem primeiramente nas relações sociais sob a forma de processos interpessoais, passando para processos intrapessoais ou individuais.
O trabalho de Vigotski enfatiza as qualidades da espécie humana, em realizar transformações de forma ativa nos diferentes contextos culturais e históricos . Isso é possível graças ao desenvolvimento das funções superiores. Ou seja, através da internalização do processo do conhecimento, criam-se características particulares de existência social humana, refletindo-se na cognição e possibilitando ao indivíduo compartilhar com outros membros de seu grupo social o entendimento que ele tem da experiência comum do grupo . (STEINER E SOUBERMAN, 1998 apud SILVA E OLIVEIRA, 2004, Não paginado).
A aprendizagem é, portanto um processo social que se realiza por meio das circunstâncias criadas pelas mediações do sujeito e o contexto sócio-histórico que o rodeia. O indivíduo molda sua reação a partir de padrões de comportamento já estabelecidos socialmente. Os significados e sentidos que são construídos pelos alunos são resultados de uma interação de vários elementos, entre quais o aluno, o conteúdo e o professor.
O aluno é elemento ativo na construção de seu conhecimento, através do contato com o conteúdo e da interação feita no grupo; o conteúdo favorece a reflexão do aluno, e o professor é o responsável pela orientação da construção de significados e sentidos em determinada direção. A construção de significados e sentidos tem, portanto, lugar num contexto de comunicação interpessoal.
Vigotski define dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O nível de desenvolvimento real é a capacidade das pessoas solucionarem problemas sozinhas, sendo ... o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança (ou indivíduo) que se estabeleceram como resultado de certo ciclo de desenvolvimento já completado . (VIGOTSKI, 1998 p.111). Dito de outra forma, o nível de desenvolvimento real define as funções que já amadureceram e o nível de desenvolvimento potencial define as funções que possuem as bases necessárias para serem desenvolvidas.
Esse processo define o que Vigotski chama de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que, nas palavras do soviético, é: À distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKI, 1998 p.112).
Onrubia (1998, apud SILVA E OLIVEIRA, 2004, Não paginado), com base no conceito de Vigotski, destaca a importância de ensinar no propósito de criar as ZDP e nelas intervir. Assim, caracteriza os seguintes elementos no processo ensinoaprendizagem: aluno, professor e ambiente colaborativo. Segundo ele, esses elementos podem ser caracterizados da seguinte maneira:
- Aluno: é ativo no processo, pois constrói e reformula o aprendizado, incorporando esse conhecimento para novas situações ao longo de sua vida;
- Professor: atua estimulando, incentivando e elaborando atividades que desafiam a tomada de decisão pelo aluno, decisões essas que agem na ZDP; a relação afetivo-emocional também é um fator importante a ser considerado e, para isso, o professor deverá estar atento às diferenças individuais e às necessidades de cada aluno em particular, além de propiciar o contato entre os participantes do curso. Portanto para isso, há necessidade de se planejarem várias estratégias para que o aluno possa construir seu conhecimento ao longo do processo, pois:
[...] a ZDP não é uma propriedade deste ou daquele participante na interação ou de alguma de suas atuações, consideradas individual e isoladamente, mas é criada na própria interação em função tanto das características dos esquemas de conhecimento sobre a tarefa ou conteúdos trazidos pelo participante menos competente (...) Daí podermos falar, para uma dada pessoa ou para um determinado aluno, não de uma ZDP, mas de múltiplas ZDP, em função da tarefa e do conteúdo em questão, dos esquemas de conhecimento em jogo e das formas de ajuda empregadas ao longo da interação (ONRUBIA, 1998 apud SILVA E OLIVEIRA, 2004, Não paginado).
- Ambiente cooperativo: deve existir um ambiente em que os alunos possam se manifestar, verbalizando e justificando suas posições frente aos conteúdos. Esse procedimento permite que os alunos possam aprender com seus colegas, aprendendo e ensinando em um processo interativo.
O aporte teórico sócio interacionista justifica a interferência da relação professor-aluno no processo de aprendizagem. A disciplina é um conjunto de regras que devem ser obedecidas, no ambiente que estão estabelecidas, para que haja êxito, no caso da escola, êxito no aprendizado escolar, de acordo com Tiba (1996, p. 99). Portanto, a disciplina, é uma qualidade de relacionamento humano. E trabalhar disciplina na escola para conseguir estabelecer limites, envolve várias situações. O ambiente interfere na disciplina. Classes muito barulhentas, onde ninguém ouve ninguém - característica marcante do grupo de observação -, são locais pouco prováveis para se conseguir uma boa disciplina. No entanto, a condição ambiental que mais prejudica é o estado psicológico.
Como podemos perceber a relação professor-aluno e a disciplina no processo de ensino aprendizagem são fatores de interferência mútua.
 

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