6 de agosto de 2011

Biografia de Alexandre o Grande – Plutarco – Vidas Paralelas

SUMÁRIO (RESUMO) DA VIDA DE ALEXANDRE, O GRANDE I. Plutarco propõe-se escolher na vida de Alexandre e César os traços mais próprios para permitirem o julgamento do espírito e da coragem de ambos.
II. Diversas tradições sobre o nascimento de Alexandre.V. Alexandre vem ao mundo no dia do incêndio do templo de Diana de Éfeso. VI. Constituição física de Alexandre.VII. Qualidades morais por ele reveladas na infância.VIII. Dos que se encarregaram de sua educação. IX. Alexandre domina o cavalo chamado Bucéfalo. X. Felipe contrata. Aristóteles para educar o filho.XI. As ciências que Alexandre aprendeu de Aristóteles. XII. Sua predileção pela Ilíada de Homero.XIII. Primeiras façanhas de Alexandre.XIV. Desinteligência com Felipe. XV. Demarato induz Felipe a reconciliar-se com o filho. XVI. Felipe impede que ele se case com a filha de Pexodoro, príncipe da Caria. XVII. Pausânias assassina Felipe. XVIII. Conduta de Alexandre ao subir ao trono.
XIX. Saqueia a cidade de Tebas. XX. Generosidade de Timocles. XXI. Alexandre arrepende-se da maneira cruel como tratou os tebanos. XXII. Entrevista de Alexandre e Diógenes. XXIII. Presságios que precedem a expedição de Alexandre contra a Ásia. XXIV. Estado das forças de Alexandre por ocasião de sua partida. XXV. Vai a Ílion sacrificar a Diana e aos heróis gregos mortos no sítio de Tróia. XXVI. Empreende a travessia do Granico diante
do exército de Dário, que o esperava na margem oposta. XXVII. Clito salva-lhe a vida. XXVIII. Alexandre alcança a vitória. XXIX. Felizes resultados desse triunfo. XXX. Alexandre submete a Cilicia, a Fenícia, a Panfília. XXXI. Corta o nó Górdio. XXXII. Sonho de Dário. XXXIII. Alexandre cai doente. XXXIV. Confiança de Alexandre no seu médico Felipe. Cura-se. XXXV. Conversação de Dário com Amintas. XXXVI. Batalha de Isso. XXXVII. Bom humor de Alexandre à vista do luxo de Dário. XXXVIII. Conduta de Alexandre para com a mãe, a mulher e as filhas de Dário. XXXIX. Continência de Alexandre. XL. Sua sobriedade. XLI. Sua maneira cotidiana de viver. XLII. Gostava de gabar-se e de ser elogiado. XLIII. Gastos com a mesa. XLIV. Ambiciona a posse das riquezas que os persas tinham depositado em Damasco. XLV. Sitia a cidade de Tiro. XLVI. Durante o sítio, vai fazer a guerra aos árabes. XLVII. Toma Tiro. XLVIII. Toma a cidade de Gaza. XLIX. Coloca a Ilíada de Homero dentro de um magnífico relicário. L. Edifica Alexandria. LI. Vai consultar o oráculo de Júpiter Âmon. LII. Resposta do oráculo. LIII. O que o próprio Alexandre pensava de sua filiação divina. LIV. Festas e jogos que Alexandre faz celebrar. LV. Recusa as propostas de aliança de Dário. LVI. Relato que o eunuco Tireu faz a Dário sobre a maneira como Alexandre tratara as princesas prisioneiras. LVII. Combate entre dois valetes do exército de Alexandre, sob os nomes de Alexandre e Dário. LVIII. A última batalha foi travada perto de Gausamelos e não de Arbelos. LIX. Alexandre recusa o conselho que lhe dão para combater à noite. LX. Longo e tranquilo sono de Alexandre antes da batalha. LXI. Resposta ao pedido de Parmênion no sentido de lhe ser enviado reforço para defender a bagagem. LXII. Põe as tropas em ordem de batalha. LXIII. Vitória completa de Alexandre. LXIV. Manda reconstruir a cidade de Pláteas. LXV. Do desfiladeiro de Nafta, perto de Ecbátanos. LXVIII. Alexandre apodera-se de Susa. LXIX. Torna-se senhor da Pérsia. LXX. O palácio de Xerxes incendiado por instigação de Taís. LXXI. Liberalidades de Alexandre. LXXIII. Repreende os oficiais por seu luxo excessivo. LXXIV. Amizade afe-tuosa de Alexandre, cordialidade testemunhada aos amigos. LXXVI. Persegue Dário com grande celeridade. LXXVII. Morte de Dário. LXXVIII. Bucéfalo perdido e recuperado. LXXIX. Alexandre bate os citas. LXXX. Da lenda das Amazonas. LXXXI. Em arenga às tropas, concita-as a prosseguir na conquista da Ásia. LXXXII. Desposa Roxana. LXXXIII. Dirime uma divergência entre Heféstio e Crátero. LXXXIV. Pilotas torna-se suspeito a Alexandre. LXXXV. Ele oculta a conjuração formada por Limno (Dimno) contra Alexandre. LXXXVI. Morte de Pilotas e de Parmênion. LXXXVII. Assassínio de Clito. XC. Desgosto de Alexandre. XCI. Consola-o Anaxarco. XCII. Altercação entre Anaxarco e Calístenes. XCIII. Indiscrição de Calístenes, que se torna odioso aos macedônios e a Alexandre. XCIV. Os cortesãos de Alexandre o indispõem contra Calístenes. XCV. Morte de Calístenes e Bemarato. XCVI. Alexandre, prestes a partir para a índia, manda queimar os despojos e as bagagens inúteis. XCVII. Diversos presságios sobre o bom. êxito de sua expedição. XCVIII. Toma a rocha de Sisímetres. XCIX. Como recebe os embaixadores das cidades do país. C. Entrevista de Alexandre com Táxilo. CI. Pérfida crueldade de Alexandre para com uma tropa de bravos indianos. CII. Atravessa o Hidaspes para atacar Poro. CIII. Triunfa. CIV. Como trata Poro. CV. Os macedónios recusam-se a penetrar mais na índia. CVI. Monumentos que Alexandre deixa de sua expedição. CVII. Tomada da cidade dos malianos. CVIII. Presenteia os sábios do país chamados gimnosofistas. CIX. Envia Onesícrito aos brâmanes, CX. . Vai ver o Oceano. CXI. Pompa báquica de Alexandre. CXII. Sublevações e desordens no império de Alexandre. CXIII. Manda matar aquele que violara o túmulo de Ciro. CXIV. Morte do brâmane Calano. CXV. Alexandre desposa Estatira. CXVI. Licencia com grandes presentes os macedônios tornados inúteis para a guerra. CXVII. Morte e sepultura de Hefestio. CXVIII. Presságios que advertem Alexandre a não entrar na Babilónia. Entra. CXIX. Novos presságios de infortúnio. CXX. Alexandre torna-se triste e desconfiado. CXXI. Superstição de Alexandre. CXXII. Cai doente. CXXIII. Morre. CXXIV. Se é verdade que teria sido envenenado. CXXV. Roxana manda matar Estatira.
Desde o primeiro ano da 106.ª olimpíada até ao primeiro ano da 114.ª; antes de Jesus Cristo, 324.
Vida de Alexandre
 
Plutarco –
Capítulo de Vidas Paralelas
Tradução Brasileira de Carlos Chaves com base na edição francesa de Amyot. Notas e observações de Brotier, Vaulliers e Clavier. Fonte: Ed. Edameris.
Tendo-me proposto escrever neste livro as vidas do rei Alexandre, o Grande, e de Júlio César, que derrotou Pompeu, pelo número infinito de coisas que se apresentam diante de mim, não usarei de outro prólogo senão o de pedir aos leitores que não me repreendam por não expor tudo amplamente e por miúdo, mas sumariamente, abreviando muitas coisas, mesmo nos seus principais atos e feitos mais memoráveis ; pois é preciso que se lembrem de que não me pus a escrever histórias, mas vidas somente; e as mais altas e gloriosas proezas nem sempre são aquelas que mostram melhor o vício e a virtude do homem; ao contrário, muitas vezes uma ligeira coisa, uma palavra ou uma brincadeira põem com mais clareza em evidência o natural das pessoas do que derrotas onde tenham morrido dez mil homens, ou grandes batalhas, ou tomadas de cidades por sítio ou assalto. Portanto, exatamente como os pintores que retratam ao vivo procuram as semelhanças só ou principalmente na face e nos traços do rosto, nos quais se vê como que a imagem impressa dos costumes e do natural dos homens, sem preocupar-se com outras partes do corpo, assim também nos deve ser concedido que procuremos sobretudo os sinais da alma e formemos desse modo um retrato natural da vida e dos costumes de cada um, deixando que os historiadores descrevam as guerras, batalhas e outras grandezas tais.
É coisa tida como inteiramente certa que Alexandre, o Grande, pelo lado paterno, descendia da raça de Hércules através de Carano, e pelo lado materno provinha do sangue dos Eácidas, por Neoptólemo. E dizem que o rei Felipe, seu pai, quando adolescente, enamorara-se de sua mãe Olímpia, também ainda menina e órfã de pai e mãe, na ilha de Samotrácia, onde foram ambos recebidos na confraria da religião do lugar, e que depois ele a pediu em casamento a um irmão, Arimbas, que consentiu; mas, na noite anterior àquela em que se encerraram juntos dentro do quarto nupcial, a esposa sonhou que um raio lhe caíra no ventre e que do golpe surgira um grande fogo, o qual se desfez em várias chamas que se espalharam por toda parte; e Felipe, seu marido, sonhou também, mais tarde, que selava o ventre da mulher, sendo a gravura da sela a figura de um leão. Interpretaram os adivinhos que tal sonho o admoestava de que devia zelar cuidadosamente a mulher; mas Aristandro de Telmesso (1) achou que isso significava que a mulher estava grávida: "Porque, disse ele, não se sela um vaso onde não há nada dentro, e assim ela estava grávida de um filho que teria coração leonino". Dizem também que uma vez, quando ela dormia, apareceu-lhe no leito uma grande serpente que se lhe estendeu toda ao lado e foi causa principal, pelo que se presume, de arrefecer o amor que lhe dedicava e as carícias que lhe fazia o marido, de maneira que ele, ao contrário do que antes se acostumara, já não ia com tanta frequência deitar-se com ela, ou porque receasse que a mulher o enfeitiçasse, ou porque se reputasse indigno de sua companhia, julgando-a amada e gozada por algum deus.
Isso é ainda contado de outra maneira: é que as mulheres dessa geração em toda a antiguidade são ordinariamente tomadas pelo espírito de Orfeu e pelo furor divino de Baco, sendo por isso chamadas Clódones e Mimálones, Como quem diz furiosas e belicosas, e fazem várias coisas semelhantes às mulheres Edômas e Trácias, que habitam ao longo da montanha de Emo; de modo que parece que essa palavra Trescevino (2) que em língua grega significa curiosa e supersticiosamente dedicar-se às cerimônias do serviço dos deuses, derivou-se delas; e Olímpia, amando tais inspirações e furores divinos, exercendo-os mais barbaresca e excessivamente do que as outras, atraía para si em suas danças grandes serpentes, as quais, deslizando muitas vezes por entre as heras com que as mulheres se cobrem em tais cerimonias, e fora das cirandas sagradas que transportam, e enrodilhando-se à volta dos dardos que seguram nas mãos e dos chapéus que trazem à cabeça, espantavam os homens.
(1) Telmesso é uma cidade da Lícia onde a arte dos arúspices estava muito florescente.
(2) Treskeyein, imitar os trácios, e daí exercer o seu culto supersticioso.
IV. Não obstante, depois que teve essa visão, Felipe enviou Queronte de Megalópolis ao oráculo de Apolo em Delfos, para indagar o que seria aquilo e o que devia fazer; e ali lhe foi respondido que sacrificasse a Júpiter Âmon e o reverenciasse acima de todos os outros deuses"; mas perdeu um dos olhos, aquele que pusera no buraco da fechadura do quarto, quando viu esse deus em forma de serpente deitado junto com sua mulher. E Olímpia, segundo escreve Eratóstenes, dizendo adeus ao filho, quando este partiu para a conquista da Ásia, depois de lhe ter revelado, a ele somente em segredo, de quem e como o concebera, pediu-lhe e aconselhou-lhe que tivesse coragem digna daquele que o gerara. Dizem outros, ao contrário, que ela detestou essa história, falando: "Não cessará Alexandre de tornar-me suspeita à deusa Juno, fazendo-a ter ciúmes de mim?"
V. Como quer que seja, nasceu Alexandre no sexto dia de junho, que os Macedônios chamam de Lous (3): exatamente no dia em que se incendiou o templo de Diana na cidade de Éfeso, como o testemunha Hegésias de Magnésia, que faz disso uma ocorrência tão fria que teria sido suficiente para extinguir o incêndio do templo. "Não admira — diz ele — que Diana tenha deixado incendiar-se seu templo, porque ela estava impedida, como parteira, pelo nascimento de Alexandre"; mas a verdade é que todos os presbíteros, adivinhos e profetas que então se achavam em Éfeso, estimando que o incêndio do templo era presságio certo de algum outro inconveniente, correram como possessos para a cidade batendo nos próprios rostos, gritando que naquele dia tinha nascido alguma grande desgraça e alguma grande peste para a Ásia. E, pouco depois de haver Felipe tomado a cidade de Potidéia, recebeu ele ao mesmo tempo três grandes notícias: uma, que Parmênion derrotara os Esclavônios numa grande batalha; outra, que ele ganhara o prémio de corrida singular de cavalos nos jogos Olímpicos; e a terceira, que sua mulher lhe dera um filho, que era Alexandre; e, tendo ficado muito contente com esta última notícia, os adivinhos aumentaram-lhe ainda mais a alegria, prometendo que esse filho assim nascido, com três vitórias anunciadas ao mesmo tempo, seria no futuro invencível.
(3) Vide as Observações.
VI. Ora, quanto à forma de toda a sua pessoa, as imagens feitas pela mão de Lisipo são as que a representam melhor ao natural. Por isso, não quis que outro estatuário o esculpisse senão ele (4), pois vários dos seus sucessores e amigos o imitaram muito mais tarde, mas esse artista foi, acima de todos os outros, aquele que lhe observou com perfeição e representou a maneira de inclinar o pescoço um pouco para o lado esquerdo, e também a doçura do olhar e dos olhos. Mas, quando Apeles o pintou segurando o raio na mão, não lhe representou a cor ingénua, mas o fez mais moreno e mais escuro do que era de rosto; pois ele era naturalmente branco, e a brancura da pele se misturava com uma vermelhidão que lhe aparecia principalmente na face e no estômago. E lembro-me de ter lido nos comentários de Aristóxeno que sua carne cheirava bem e que o seu hálito era muito doce, e lhe saía de toda a pessoa um odor muito suave, de tal modo que as roupas que lhe tocavam a carne eram como que todas perfumadas, do que a causa possível era a temperatura e compleição do seu corpo muito cálido e queimante como fogo, porque o doce olor resulta do calor que coze e digere a umidade, segundo estima Teofrasto: daí vem que as regiões mais secas e partes da terra mais queimadas pelo calor do sol são as que dão mais e melhores especiarias, porque o sol tira a umidade supérflua dos corpos, como matéria própria de putrefação: e parece que esse calor natural tornava Alexandre sujeito a beber e também corajoso.
(4) Ler: "Esse artista, com efeito, observou perfeitamente bem e representou o que vários dos seus amigos e sucessores procuraram imitar depois, a saber, sua maneira de apresentar-se, etc." Vide a Vida de Pirro, cap. XV. C.
VII Desde quando era ainda menino, tornou-se evidente que seria continente quanto às mulheres: pois que, sendo impetuoso e veemente em todas as outras coisas, era difícil de se comover com os prazeres do corpo, aos quais se entregava com muita sobriedade; mas, ao contrário, sua cobiça de honra era acompanhada de firmeza de coragem e magnanimidade mais constantes do que a idade aparentava; pois não lhe apetecia toda espécie de glória, procedente de todas as coisas indiferentemente, como fazia o pai, o qual gostava de mostrar eloquência, como teria feito um retórico, e gravava em moedas as vitórias obtidas nas corridas de cavalos e carros nos jogos Olímpicos: antes, como alguns, um dia, lhe perguntassem se desejaria aparecer na festa dos jogos Olímpicos, para tentar ganhar ali o prêmio da corrida, porque era muito disposto e maravilhosamente ágil: "Sim, respondeu, se os que correm fossem reis"; segundo universalmente se diz, ele detestava todos esses combatentes em jogos de prémios: pois que, tendo por várias vezes promovido festas onde conferia prémios aos atores de tragédias e de comédias, aos cantores, músicos, tocadores de flautas e de cítaras, e até aos poetas, e onde semelhantemente mandava fazer caças diversas de todo género de animais, e combates de bastão, nunca teve prazer em ordenar a esgrima de punhos nem outra esgrima (5) em que os combatentes se ajudam com tudo quanto podem. Recebeu uma vez embaixadores do rei (6) da Pérsia, enquanto o pai tinha saído para qualquer viagem fora do reino, e, privando com eles, os conquistou pela cortesia de que usou e pela boa hospedagem que lhes proporcionou; e, como não lhes perguntasse nada de pueril nem de insignificante, mas os interrogasse sobre as distâncias existentes entre um lugar e outro, e sobre a maneira pela qual se ia mais depressa às altas províncias da Ásia, e sobre o próprio rei da Pérsia, como ele se portava com os inimigos, e que forças e poderio tinha, ficaram eles grandemente satisfeitos e mais ainda maravilhados; de maneira que não estimaram mais a eloquência e a vivacidade de espírito de Felipe, da qual se fazia tanta conta, em comparação com o instinto para todas as altas empresas e grandes feitos que prometia o natural de seu filho. Assim, todas as vezes que chegavam notícias de que o pai tomara alguma cidade importante ou ganhara alguma grande batalha, ele não gostava muito de ouvi-las, mas dizia a seus iguais em idade: "Meu pai tomará tudo, meninos, e não deixará para mim nada de belo nem de magnífico que fazer e conquistar convosco". Não amando a volúpia nem o dinheiro, antes a virtude e a glória, achava que quanto mais o pai lhe deixasse de grandes e gloriosas conquistas, tanto menos lhe ficaria de bom para fazer por si mesmo; e, portanto, vendo que o estado de seu pai e seu império ia crescendo todos os dias cada vez mais, cuidava que tudo o que havia de belo para fazer no mundo se deveria consumar inteiramente nele, e preferia receber dele uma senhoria onde houvesse ocasiões de grandes guerras, grandes batalhas e muita matéria que proporcionassem honra, era lugar de grandes tesouros, delícias ou meios de viver confortavelmente.
(5) O Pancrácio: explicamos alhures em que consistia essa espécie de combate.
(6) Oco.
VIII. Ora, havia ao redor dele, como se pode imaginar, várias pessoas habilitadas a orientá-lo e educá-lo: governadores, camaristas, mestres e preceptores. Mas Leônidas era quem tinha a superintendência acima de todos os outros, como homem austero por natureza e parente da rainha Olímpia, embora odiasse o nome de mestre ou preceptor e conquanto seja esse belo e honroso cargo; de modo que os outros o chamavam de governador e condutor de Alexandre, por causa da dignidade de sua pessoa e porque ele era parente do príncipe.. Aquele que tinha o lugar e o título de mestre era Lisímaco, natural de Acarnânia, o qual não tinha nada de bom nem de gentil em si mesmo; mas, porque a si mesmo desse o nome de (7) Fénix, a Alexandre o de Aquiles e a Felipe o de Peleu, tinha o segundo posto depois do governador.
IX. Como Filonico de Tessália tivesse levado ao rei Felipe o cavalo Bucéfalo para lho vender, pedindo por ele treze talentos (8), desceram eles às carreiras para experimentá-lo e picá-lo. Foi achado tão rebelde e tão feroz que os escudeiros disseram que nunca se poderia obter dele nenhum serviço, porque não permitia que o montassem, nem mesmo que com ele endurecesse a voz e a palavra qualquer dos gentis-homens ao redor de Felipe, mas se levantava contra todos, de modo que Felipe se aborreceu e mandou que o levassem de volta como animal vicioso, selvagem e de todo inútil. E isso teria sido feito se Alexandre, que estava presente, não tivesse dito: "Ó deuses! Que cavalo rejeitam, não sabendo servir-se dele por falta de destreza e de ousadia". Felipe, tendo ouvido essas palavras, a princípio se mostrou indiferente; mas, como ele as fosse repetindo várias vezes entre os dentes ao redor dele, mostrando-se desgostoso porque iam mandar o cavalo de volta, disse-lhe afinal: "Repreendes os que têm mais idade e experiência do que tu, como se entendesses disso mais do que -eles e soubesses melhor do que eles conduzir um cavalo à razão". Alexandre respondeu-lhe: "Pelo menos este eu manejaria melhor do que eles . "Mas, replicou Felipe, se não puderes fazê-lo, como com eles aconteceu, que multa queres pagar por tua temeridade?" "Ficarei contente, respondeu Alexandre, de perder tanto quanto vale o cavalo". Todos puseram-se a rir dessa resposta, e foi entre ambos apostada certa soma em dinheiro. E então Alexandre correu para o cavalo, tomou-o pela rédea e virou-lhe a cabeça para o sol, tendo percebido, creio eu, que o cavalo se atormentava ao ver a própria sombra, a qual surgia e movia-se diante dele à medida que marchava; depois, acariciando-o um pouco com a voz e a mão, até o ver resfolegante de raiva, deixou enfim cair docemente o manto no chão e, levantando-se rapidamente de um salto, montou com segurança e, esticando a rédea sem a tocar nem fatigar, acalmou-o convenientemente; depois, quando viu que ele abandonara seu furor e que apenas desejava correr, deixou-o sair a toda a brida, apressando-o ainda com voz mais áspera que de ordinário e estimulando-o com os calcanhares. Felipe, no começo, olhou-o com grande receio de que ele se machucasse, mas sem dizer palavra. Todavia, quando o viu guiar direito o cavalo até ao ponto de início da carreira, todo orgulhoso de se ter saído bem, enquanto os outros assistentes gritavam de admiração, mas o pai em lágrimas, segundo dizem, tamanha era a alegria de que se achava tomado, quando ele desceu do cavalo, lhe disse beijando-lhe a cabeça: "Ó meu filho, é preciso procurar-te um reino que seja digno de ti, pois a Macedônia não to poderia dar".
 
Por isso que ele era chamado de 'O GRANDE'

 
Os 3 últimos desejos de ALEXANDRE O GRANDE:


1, Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;


2, Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistado como prata , ouro, e pedras preciosas ;


3, Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

 
Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a ALEXANDRE quais as razões desses pedidos e ele explicou:


1, Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;




2, Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;



3, Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.


Pense nisso....

fonte: degustação do saber

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